
Dona Astrogilda Ribeiro dos Santos, 87 anos, uma das maiores figuras da cultura aracruzense, morreu hoje 19, deixando um legado no Congo de Vila do Riacho, do qual era a rainha. Ela foi uma figura importante no movimento do Congo Capixaba. Baiana, seu nome é homenageado pelo Coletivo de Mulheres Dona Astrogilda, de Aracruz, que está inserido em bandeiras sociais que a própria rainha do congo viu nascer.
Devota fiel a São Benedito, Astrogilda deu vida ao Congo de Vila do Riacho e tem sua história entrelaçada ao do Congo de Aracruz. Além de ser uma das figuras mais importantes do movimento cultural do Espírito Santo, ela é símbolo de luta e resistência no movimento negro.
Dona Astrogilda nasceu no Congo e desde pequena, junto de sua mãe, que também era rainha, e de seu pai, que era mestre, dedicou sua vida a espalhar uma mensagem de amor pela arte. Foi aos 20 anos de idade, já moradora de Vila do Riacho, que ela teve a oportunidade de mostrar seu carinho pela manifestação de fé e alegria, tomando a frente da Banda de Congo São Benedito do Rosário, a primeira do Brasil.
E nos últimos 65 anos dona Astrogilda deu vida ao congo de Aracruz, se tornando um símbolo de manifestação cultural em todo o Espírito Santo. Seu trabalho impulsionou uma cultura originalmente capixaba e que carrega uma bagagem cultural de um povo que através da música, conseguiu manter viva as tradições de seu lar.
Sua atuação no Congo Capixaba foi celebrada com o título “Mestre da Cultura Popular do Estado do Espírito Santo“, sendo reconhecida como uma das 10 pessoas que atuaram na defesa e manutenção da cultura popular no Estado.
Dona Astrogilda também foi inspiração para a canção da banda “Casaca”, que ilustrou o documentário “Astrogilda, o Congo é sua Vida”, de Rogério Sarmenghi. Na música, ela é chamada de “Mulher forte e guerreira, de valor e nobreza. Firme na sua crença, não conhece a tristeza”.